Cultura: Gigantes do Norte abordará política, escravatura e a história do café na Arena Z-30
O café é um dos pilares da agricultura brasileira desde o século 18, a exportação dos grãos sustentou as elites do país no Brasil colonial e formou parte das elites brancas tradicionais do país desde a República Velha. Praticamente toda essa produção era realizada por negros escravizados. Por todo esse contexto, é com esse tema forte que a junina Gigantes do Norte, promete sacudir a Arena Z-30 no 37º Festejo Junino de Marabá.
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“Iniciamos um estudo para pensar no próximo tema assim que terminaram os eventos juninos do ano passado. Depois de pesquisas, escolhemos o Café Di Negros. Contaremos uma linda história no São João tratando política, escravatura e a história do café em si”, explica o coordenador da Gigantes do Norte, Rayr Wanderson.
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Até hoje a produção de café ainda lidera entre o registro de trabalhadores encontrados em situação análoga a escravidão e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), só 8% das propriedades agrícolas são lideradas por negros no país.
“Esse ano, estamos com um tema muito forte e a gente está preparando um trabalho muito incrível. Eu espero que o público marabaense goste do nosso trabalho e também espero que nossa quadrilha consiga entregar um trabalho que mostre a alegria do São João, com essa parte de reflexão para quem vai nos assistir e prestigiar”, complementa a noiva Hellen Cristina, 21 anos.
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Hellen está há três anos na Junina e faz a estreia como noiva este ano. “A gente tem muitas expectativas. Iniciei no mundo junino através de uma amizade que me convidou para dançar em um grupo de carimbó, a partir daí descobrir as quadrilhas. Fui convidada para dançar em uma live e não parei mais. Agora estreou como destaque. É uma responsabilidade, mas também é uma alegria enorme”, conta a menina.
O noivo será Ronald Diniz. Ele estreou como brincante, depois majestade e agora já será como noivo. “Eu já tenho 10 anos de junina comecei muito cedo, com 11 anos. Esse ano, o primeiro sendo noivo da Junina, carregando essa grande responsabilidade, carregando esse peso maior, mas está sendo uma experiência excelente”, comenta o quadrilheiro.
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Ele conta que o casal de noivos tem recebido muitos elogios e que na história eles representarão um casal entre uma pessoa da cidade e outra de classe social inferior. “Vem uma coisa bonita, muito elegante. A Gigantes vai vir com um trabalho excelente. A escolha do tema foi excelente, maravilhosa. Quando ele divulgou esse tema, eu me vi dentro do tema e também sou apaixonado por café. Teremos a paixão desse casal que vai demonstrar bastante coisa na arena. Eu estou impressionado com esse tema que foi muito bem escolhido esse ano”, reitera Ronald.
O coordenador Rayr Wanderson, também é um dos fundadores da Junina e conta que eles buscam trabalhar com jovens, crianças e adolescentes e sempre viu a necessidade de fazer algo que envolvesse as pessoas da rua dele.
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A Junina Gigantes do Norte surgiu há 15 anos, na Rua Benjamin Constant, Marabá Pioneira. Mas com o passar do tempo passou a ter brincantes de toda Marabá. “Temos gente do Santa Rosa, Cabelo Seco, da Folha 25, Nova Marabá, São Félix e Morada Nova”, conta Rayr.
Esse ano, a junina conta com 16 pares, somando 32 brincantes. “A gente está fazendo um resgate de alguns brincantes que não estavam dançando antes. Estamos trazendo eles novamente para que participem. A Gigantes está vindo com um espetáculo belíssimo, trouxemos reforços para que melhorar a coreografia, figurino e o conjunto. Então, vocês podem esperar bastante da gente esse ano”, conclui.
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Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes