SSAM: Projeto Gari dos Rios na luta contra a falta de consciência ambiental
Quando o sol começa a iluminar as margens do Rio Itacaiunas e Tocantins, o dia já começou para Jefferson Vasconcelos dos Santos, responsável por fiscalizar a equipe do Gari dos Rios, que trabalha diariamente, durante todo o ano, para manter limpo estes que são um dos maiores patrimônios da cidade.
A equipe é composta de 11 a 20 pessoas, dependendo do período do ano. Ele explica que no verão e no auge das cheias, a demanda é maior, por isso há uma ampliação na equipe. Para executar o serviço, eles dispõe de três barcos próprios da Prefeitura, 2 de 12 metros, adquiridos em 2019, e um de 9 metros, utilizados para acessar área mais difíceis como grotas, ou mesmo para transitar pela cidade no período das cheias.
“Tem áreas que é mais difícil o acesso, devido às pedras. Tem locais para dentro da cidade que só entramos no período da cheia. Por isso precisamos dispor de veículos com características diferentes para que seja possível essa limpeza de forma mais completa”, comenta Jefferson, destacando que o trabalho funciona em sistema de rotas.
“Em um dia fazemos a orla completa. No outro pegamos a Z30 até o KM 8. Do Itacaiunas até o Tacho, gastamos um dia todo. Na Vila do Rato e alguns locais, às vezes nos deparamos com pilhas de lixo, ficamos uma semana para conseguir limpar tudo”, reitera, ressaltando que, em algumas situações, a demanda é tão grande que chegam a ficar dias em um só local.
Por isso Marcos Estevão, que trabalha desde o início do projeto como Gari dos Rios, faz um apelo à população. “Melhorem. Depois de curtir, juntem seu lixo. Coloquem em algum recipiente, não deixem por aí, pois mesmo na terra já seria ruim e com o vento e as cheias esse lixo acaba parando nos rios poluindo”, alerta.
Lixo
Por dia, são recolhidos de um a dois contêineres de materiais com 5 metros quadrados (m²) cada. O plástico, principal vilão ambiental, está entre o lixo mais encontrado pelos Garis dos Rios. O material é difícil de ser compactado, gerando um grande volume de lixo que ocupa espaço no meio ambiente, dificultando a decomposição de outros materiais orgânicos. Como é à prova de fungos e bactérias, a degradação é extremamente lenta, podendo demorar mais de 100 anos.
Além disso, quando o plástico fica nos rios, ele se fragmenta em pequenas partículas, os chamados microplásticos, que acabam participando da cadeia alimentar, gerando a morte de animais e prejudicando toda a vida em torno do rio. Quando descartado de forma incorreta, o lixo plástico também pode causar entupimentos e transbordamento das valas, bueiros e grotas e por fim provoca poluição visual.
Também são recolhidos garrafas, latas, palha, madeira, pneus, corpos de animais mortos, entre outros. “Até pneu de caminhão já retiramos, não sei da onde vem tanto pneu para os rios. Geladeiras, fogões, colchões também estão entre os materiais recolhidos. Na época da praia normalmente há muita embalagem de alimento, que as pessoas deixam por aí”, lamenta Marcos.
Coloquem algum recipiente, não deixem por aí”, Marcos Estevão
As pessoas que trabalham nos arredores do rio, elogiam o trabalho dos garis e lamentam a atitude das pessoas. “Aqui recolhemos tudo, colocamos nos tambores que os garis passam e recolhem, mas o pessoal costuma comprar as coisas e jogar por ai. Não respeitam”, comenta Eva Santos Carvalho, 51 anos, proprietária de um bar e restaurante no balneário da Mangueira.
Lindinalva Alves, 37 anos, que trabalha no mesmo balneário, diz que costuma ver sempre o gari dos rios recolhendo o lixo e elogia o serviço. “É ótimo. Eles passam por aqui com frequência, recolhendo o lixo, ou vemos o barco subindo rio acima. Que as pessoas levem o seu lixo para manter tudo limpo”, pede.
Eva Santos Lindinalva Alves
Faça sua parte, não jogue lixo nas vias públicas, nem nas margens e diretamente nos rios. A natureza agradece.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento