Seaspac: Grupos de convivência dos CRAS são importantes ferramentas de inclusão social
Em meio a tintas, papéis e pincéis, crianças e adolescentes participam da oficina de pintura, realizada pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) da Folha 13, que atende o núcleo Nova Marabá. A oficina, que faz parte do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), é um momento em que elas podem explorar a criatividade e desenvolver habilidades artísticas e coordenação motora, por exemplo.
Os grupos do SCFV são realizados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) e acontecem nos quatro CRAS de Marabá – Folha 13, Bela Vista, Amapá e Morada Nova.
Na oficina de pintura, elas começam “pelo início”, conhecendo as cores primárias e secundárias, algumas técnicas e os tipos de materiais que podem utilizar. O objetivo é que mais adiante os participantes possam realizar a pintura de materiais em madeira produzidos pelo Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente CEACA, outro projeto do CRAS.
“Eles pensam que não têm capacidade para desenvolver e aí quando eles aprendem, veem um trabalho, a gratidão deles de falarem ‘eu que fiz’. É um prazer de realizar o trabalho e eu vejo que eles sentem que têm capacidade para fazer outras coisas”, ressalta Líris Pimentel, instrutora da oficina, que ensina sobre pintura há 20 anos.
As turmas ocorrem às segundas e quintas, das 8h às 11h e das 14h às 17h. A partir de janeiro, o CRAS da Folha 13 realizou busca ativa nas escolas para buscar participantes e proporcionar que crianças e adolescentes tenham acesso a práticas artísticas.
“É um prazer, uma realização pessoal porque não é fácil. Eu moro na Marabá Pioneira e venho para cá durante 20 anos, sol e chuva. Eu vejo a alegria desses meninos, de ensinar, porque eles não tinham esse contato com a arte. Já vi muitos adolescentes que quando me encontram na rua e ‘a tia me ensinou muita coisa’. Porque, aqui eu ensino não só pintura, mas como se desenvolver, como falar, como se expressar. Me dá uma alegria, uma satisfação muito grande”, reitera.
Durante as oficinas de pintura, os participantes têm intervalo para o lanche, fornecido pelo CRAS.
O que é o SCFV?
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos faz parte do Sistema único da Assistência Social (SUAS) e tem por objetivo promover a integração social de famílias em situação de vulnerabilidade, que fazem parte do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).
No que diz respeito às crianças e aos adolescentes, por exemplo, o intuito é mitigar riscos sociais de marginalização, promovendo o desenvolvimento de potencialidades por meio de atividades voltadas para cultura, esporte e lazer. Atualmente, há seis grupos de SCFV no CRAS da Folha 13.
A oficina de pintura atende principalmente adolescentes de 12 a 17 anos, mas geralmente crianças menores acompanham os irmãos. A oficina de artesanato em madeira é o carro-chefe do projeto CEACA e atende adolescentes de 14 a 17 anos com o objetivo de capacitá-los e desenvolver as habilidades.
O grupo de mulheres é uma novidade em 2025. A ideia surgiu a partir de uma demanda observada pela equipe do CRAS e do que era prioritário dentro da área de cobertura. A ideia é proporcionar atividades diversificadas para mulheres a partir de 18 anos como oficinas, rodas de conversa e cursos de capacitação. Por outro lado, para aquelas que são mães, o CRAS proporciona acolhimento de seus filhos enquanto elas realizam as atividades.
“O objetivo do grupo de mulheres é promover a autonomia delas para que elas possam ser inseridas no mercado de trabalho, promover as habilidades delas e também é uma forma de acolhimento, tendo em vista que será realizado por nossa psicóloga. É um momento de compartilhar e fazer com que essas mulheres se sintam fortalecidas e acolhidas por nós”, explica Cynthia Hoana, coordenadora do CRAS da Folha 13.
O grupo de adolescentes para capacitação será conduzido por assistente social e buscará a inserção desse público no mercado de trabalho por meio do primeiro emprego ou programas de Jovem Aprendiz, com cursos de capacitação.
Os idosos também têm o seu grupo e, geralmente, é o mais ativo. São atividades físicas, dança, passeios e outras ações que os ajudam a ocupar o tempo livre.
Crianças de 7 a 12 anos contam com o grupo sociopedagógico, que as ajudam no desenvolvimento escolar e cognitivo.
“Nós temos monitoras que desenvolvem atividades voltadas para essas crianças na área escolar. Às vezes, elas identificam crianças com algum tipo de transtorno cognitivo, até mesmo encaminham para outros locais, que são crianças com alguma questão no desenvolvimento. Aí, eles fazem atividades, jogos lúdicos”, destaca Cynthua Hoana.
Os grupos de convivência são essenciais pois proporcionam espaços de lazer, cultura, esporte e capacitação para a parcela da população que mais precisa de políticas públicas e, portanto, está mais vulnerável socialmente. É por meio dessas ferramentas de inclusão social que essas famílias podem ter suporte para saírem da situação de vulnerabilidade. Essa é a finalidade do SCFV.
“Um dos principais valores e princípios que nós temos é humanização dentro do nosso atendimento, tendo em vista que quando a pessoa chega aqui, já está em uma situação fragilizada, às vezes, emocionalmente, socialmente. Então, estamos aqui para acolher”, conclui.
Serviço
Para ficar por dentro dos grupos do SCFV, basta procurar o CRAS mais próximo e obter informações sobre como participar. Hoje, Marabá conta com quatro centros: Folha 13, Amapá, Morada Nova e Bela Vista.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Igor Leite