Mab 111: Belezas inspiram canções que a tornam cada vez mais Marabela
“Com a benção do meu padroeiro e a força do meu orixá, te quero viva, te quero feliz, te cuida minha Marabá. Marabela há terra isso meu tesouro, meu amor, teu povo é fruto dessa miscigenação. Francisco Coelho quando aqui chegou, se encantou e não saiu mais não. Tem um abraço para quem tá chegando. Sempre sorriso para quem quer ficar. Quem está partindo, vai levar saudade, dessa menina bela Marabá”.
Este é um trecho da música Marabela, feita pelo artista Clauber Martins para homenagear Marabá em 2022. Clauber é um dos nomes de artistas e produtores que tanto enriquecem a cultura da nossa bela cidade, que tem em seus dois rios, sua fonte maior de inspiração.
“A produção cultural de Marabá é efervescente. Marabá tem muita coisa linda e me inspira de várias formas, tanto belas quanto críticas. Uma cidade com miscigenação, inspiração, tanto na sua população quanto na questão demográfica”, comenta o artista.
Nascido em Grajaú, no Maranhão, ele conta que chegou em Marabá há 20 anos.
“Marabá me adotou, na verdade. Quando cheguei aqui, eu confesso que o primeiro ano foi meio chato pra mim. Do segundo ano em diante, nós fomos nos apaixonando pelo outro, eu pela cidade e ela por mim. As belezas naturais e a cultura dessa cidade me inspiram”, acrescenta.
Clauber também ganhou o primeiro instrumento do pai, aos 8 anos, depois aprendeu clarinete. Aos 13 anos, mudou para o saxofone e começou a participar de festivais e arranjos. Aos 14 anos, venceu o festival de sua cidade. E também foi nesse período que compôs a primeira música, “Sentimento Rei”. De lá para cá, foram mais de 150 festivais em todo Brasil e mais de 70 troféus. Suas composições começaram a abordar outros temas, como comicidade e temas sociais, mas sem esquecer do romance. Os estilos também são variados, como samba, axé, xote, baião e bossa nova. “Sem limites”, ele descreve.
O artista Néviton Ferreira partilha do sentimento do amigo. Mineiro, está em Marabá há 35 anos. Tocando viola caipira desde a infância em Minas Gerais, viu na cidade uma inspiração para suas canções.
“Eu nasci em uma família de músicos de tradição mineira, de música regional. Sempre tive uma ligação muito forte com essa tradição e quando cheguei em Marabá, me encontrei em um ambiente muito favorável para a música, aqui acontecia um grande festival, que era um dos maiores do Brasil. Comecei a produzir músicas para o festival”, conta.
Seus trabalhos também tiveram muitas inspirações dos Rios Itacaiunas e Tocantins e ele chegou a lançar um CD, ao lado do amigo Dauro Remor, que também está na cidade há 25 anos contribuindo a cultura marabaense.
“ Maravilhado com os rios, com a forma de vida diferente daqui, comecei a compor e fiz alguns trabalhos para a região, Em 2007, ao lado de Dauro, fizemos uma coletânea das músicas que participamos nos festivais aqui do Norte, e lançamos um CD. Marabá inspira por ser uma cidade efervescente”.
A dupla fez o CD Canta Canta , com lançamento no Cinema Rocks.
“Foi um evento na cidade. Depois disso, seguimos tocando e produzindo muito, tocando muito. Quando demos um tempo acabei fazendo um material grande de música instrumental”, complementa Dauro Remor. No ano passado, ele se apresentou no palco da segunda edição do Marabá Jazz Festival, realizado no Centro de Convenções.
Quando a cidade completou 100 anos, ele participou da gravação de Varandais, de Ricardo Smith, música feita para homenagear o centenário da cidade e que você pode conferir aqui.
“É uma música que fala da Cidade Velha, não fala o nome de Marabá, mas foi feita em homenagem a Marabá Pioneira. Também fiz outras canções para o Itacaiunas e Tocantins. Hoje sou mais marabaense do que mineiro. O meu desejo para Marabá é que tudo seja o melhor possível”, comenta Neviton.
Ele também faz questão de citar o trabalho que tem sido feito pela Fundação Casa da Cultura (FCCM) para criação de novos artistas na cidade. “Na questão da música, da cultura, não podemos ignorar a importância hoje da Fundação da Casa da Cultura, com a Escola de Música que tem ali, que tem mais de dois mil alunos estudando. Isso é muito legal, isso incentiva essa nova geração, muita gente tocando diversos instrumentos, e aí acaba que isso desperta a veia da composição para mais pessoas. Marabá é muito promissor”, conclui.
Outra artista que tem o nome marcado na história na cidade é Nilva Burjack, cantora e compositora. Ela relata que possui mais de 28 troféus conquistados, divulgando o nome da cidade em mais de 610 canções compostas, contando músicas e jingles interpretados com sua voz melodiosa.
“Além das músicas para festivais tem também outros trabalhos. A gente faz jingles para lojas, políticos. Então tem muita produção feita ao longo desses anos”, conta a artista.
Uma das mais relevantes melodias que garante o nome de Nilva na história na cidade é a produção do famoso Hino do Águia de Marabá.
“Nas asas do vento sou amor. Sou Marabá, Brasil. Sou da cor da flor. Sou paz, sou sul do Pará. Sou Águia de Marabá… Fiz a música querendo remeter a uma música alegre, mas que ao mesmo tempo falasse de paz nos estádios”, comenta a cantora.
Ela explica que cresceu ouvindo MPB, mas que também adora fazer músicas com ritmos mais frenéticos como o foi o hino. “Fui criada em ambiente musical, ouvindo Gal Costa, Maria Bethania, Caetano, Chico Buarque. gosto de música mais calma. Mas tenho muitas em um ritmo frenético. O Ferreirinha (presidente do Águia de Marabá) fez o pedido de algo para cima e foi muito gostoso de produzir”, conta.
Para concluir a artista deixa uma mensagem e um pedido para os artistas de Marabá. “Que Marabá continue sendo a cidade hospitaleira. Que a cidade continue sendo uma cidade com carinho e com amor. E que os artistas se unam mais. Participem do Conselho de Cultura que está sendo retomado agora, pois temos muitas coisas boas e belas para produzirmos”.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes e Karoline Bezerra