Evento faz parte da programação dos cinco anos da instituição

Em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado no sábado, dia 9 de agosto, e integrando o I Circuito de Relações Étnico-Raciais, o Museu Municipal Francisco Coelho abriu a exposição “Raízes de resistência: a cultura da madeira na Amazônia indígena”. A mostra realizada em parceria com a Liga de Ciência e Tecnologia da Madeira (LCTM) da Universidade do Estado do Pará (UEPA) campus Marabá. Estiveram presentes representantes dos povos Suruí e Xikrin, da Fundação Casa da Cultura e da Uepa.

A exposição evidencia saberes tradicionais e a importância da madeira nas expressões culturais dos povos indígenas do sudeste do Pará, apresentação de bordunas, arma indígena, venda de artesanato e pintura corporal com grafismos tradicionais.

Oito anos de pesquisa e troca cultural

Carregada de simbolismo, resistência, força e identidade, a mostra é fruto de mais de oito anos de pesquisa e troca cultural, como destaca o idealizador, o professor de Engenharia Florestal da UEPA, Luís Eduardo.

“Durante seis anos, estudamos as madeiras utilizadas pelas etnias, sempre na língua deles, traduzindo com intérpretes, e analisamos as células da madeira para identificar a espécie. Assim, conectamos a planta à história cultural que cada povo atribui a ela. Essa exposição é a materialização desse estudo, mas o projeto continua, agora com foco na conservação dessas espécies e na proteção da cultura indígena”, afirmou.

Para o cacique Abias Suruí, da aldeia Yetá, a iniciativa representa um marco para os povos indígenas da região. “É um momento importante de reconhecimento e resistência. Compartilhar nossos conhecimentos e nossa cultura é também uma forma de manter viva a luta e a identidade do nosso povo”, declarou.

Museu vivo e conectado com o presente

A proposta das exposições em comemoração aos cinco anos do museu reforça o papel dinâmico do espaço cultural, conforme destaca a presidente da FCCM, Thaís Cariello. “Muita gente pensa que museu é lugar de passado, mas aqui debatemos a atualidade. Essa exposição mostra o trabalho riquíssimo feito em parceria com a UEPA, revelando o valor da madeira para a cultura indígena e convidando a sociedade marabaense a conhecer e aprender sobre nossas raízes”, disse.

Para a visitante Flávia Madeira, assessora acadêmica, a mostra é uma oportunidade de reflexão. “Muitas vezes, estamos tão próximos dessa cultura e conhecemos pouco sobre ela. Aqui, ciência e tradição se encontram, trazendo aprendizado e reforçando a importância de preservar nossa identidade”, avaliou.

A exposição “Raízes de resistência” está aberta à visitação durante todo o mês de agosto, de terça a sexta, das 9 às 17 horas, e sábado e domingo, das 9h às 12h, no Museu Municipal.

Texto: Osvaldo Henriques
Imagens: Sara Lopes e Karita Fontes (FCCM)

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