FCCM: Museu Municipal Francisco Coelho unifica história, cultura e arte da região de Marabá
Um sonho realizado da população marabaense é a criação do Museu Municipal Francisco Coelho, que, este ano, completa quatro anos. Neste sábado,18, quando se comemora o Dia Internacional dos Museus, vamos contar um pouquinho dessa história que ainda vem sendo construída, mas que já tem muitas realizações para mostrar.
Inaugurado em 08 de agosto de 2020 e localizado no núcleo histórico da cidade de Marabá, o Museu Municipal Francisco Coelho leva o nome do fundador da cidade, um comerciante maranhense de Barra do Corda que chegou à essa região no final do século XIX. O edifício é da década de 1930, que é um marco arquitetônico do ciclo da castanha, conhecido como Palacete Augusto Dias, em memória ao interventor que capitaneou a construção da maior parte do prédio. Na época, foi projetado para servir como sede aos poderes executivo, legislativo e judiciário do município.
O Museu, com cerca de 20 mil visitantes até hoje, agrega um diversificado acervo das áreas de Arqueologia, Etnologia, Geologia, Espeleologia, Botânica, Zoologia e Pinacoteca, reunido pela Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) em anos de pesquisa, e que retratam os bens naturais e culturais da região.
Segundo relatos, quando Marabá se tornou um município polo, os vereadores queriam muito reunir essa história em um espaço nobre, e o prédio histórico da cidade era o Palacete Augusto Dias, que abrigava, em 2012, a Câmara Municipal de Marabá. Antigamente, já tinha sido o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. O vereador Miguelito propôs, naquele momento, que o espaço fosse o Museu Municipal de Marabá e, por unanimidade, a votação escolheu que o local se transformasse no museu da cidade.
Ainda se conta que prefeitos anteriores ao Tião Miranda não deram continuidade ao projeto e outras empresas que entrariam com compensações também não, e o valor inicialmente orçado em 5 milhões de reais, foi reduzido a 1 milhão e meio apenas. Com o passar do tempo, o teto havia arriado e corria-se o risco de que as chuvas destruíssem o local. Foi preciso que os vereadores da época intervissem junto ao Ministério Público e só assim o prefeito da época fez a reforma de todo o telhado e forro. Quando o prefeito Tião Miranda assumiu o mandato em 2017, juntamente com o Ministério Público, o município conseguiu a contrapartida de uma empresa de mineração juntando com a parte da gestão municipal.
Depois o local entrou em um longo processo de restauração, onde se manteve todas as linhas arquitetônicas, e reforma, sendo feitas algumas adaptações como trocas de portas e janelas, que já estavam deterioradas, colocação de sistema de ar condicionado, banheiros adaptados com acessibilidade e colocação de elevador. Em seguida, entraram com o projeto museográfico.
A presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Wânia Gomes, afirma que o museu se fez necessário porque Marabá tinha chegado ao patamar de cidade cosmopolita que recebe pessoas de todos os cantos do Brasil. “Nós merecíamos um museu. Era um sonho e aí veio o projeto que foi uma história de muitas mãos e olhares. E aqui a gente não pode deixar de agradecer a gentileza e a vontade de fazer acontecer do prefeito Tião Miranda para o museu ficar nesse formato, um museu maravilhoso, agradável”, elogia.
Segundo Wania, o dia 5 de agosto de 2020 foi um divisor de águas para a cidade porque ele diz muito sobre a história e a cultura local. “Ele é didático. Você entra no museu, você não sai mais o mesmo. Você quer voltar, você quer falar para as pessoas, e a gente recebe aqui pesquisadores acadêmicos, pessoas que visitam museus no mundo afora e tudo, e todos elogiam o formato, como que se configurou o museu, a forma. Nós temos um núcleo de história dentro do museu, informação direta, os guias museais são um diferencial muito grande, são a cereja do bolo pra gente. Só pessoa vindo pra ver”, conclama.
Aproveitando a data comemorativa, durante a semana, o Museu Francisco Coelho realizou diversas atividades da 22ª Semana Nacional dos Museus com o tema “Museus, Educação e Pesquisa”, com diversas programações como contação de histórias, palestra e exposição de espeleologia, recital de flauta doce e apresentação de pesquisas acadêmicas realizadas nas faculdades de Marabá. “Esse ano temos um tema muito importante. Hoje temos aqui uma exposição maravilhosa de banners com trabalhos feitos por universitários e tudo, então um momento realmente muito lúdico e importante para a nossa cultura e para a história do museu”, completa.
De acordo com o diretor do Museu, Wellington Mota, a ideia sempre foi da perspectiva de atrair a comunidade, não só pra visitação, mas sim para a vivência e a experiência dentro dele. “A história do museu vai mostrar, na verdade, muito a história do marabaense e como construir memórias juntos”, declara.
Wellington conta ainda que todos os guias são historiadores “Se você entrar aqui no museu, ele é um museu muito bonito, cheio de quadros e imagens, mas precisa desse mediador entre esse espaço e a comunidade. A gente tem um sentimento de pertencimento com o lugar e quando alguém vem de fora, elogia bastante, porque a nossa região amazônica, principalmente aqui a nossa região de Carajás, por muito tempo só foi vista na perspectiva econômica, a perspectiva de mineração. Então quando eles vêm aqui e falam: ah, vocês têm isso? Nossa, que história bonita, que cultura forte, nos sentimos orgulhosos”, comemora.
Projetos
Hoje, o Museu Francisco Coelho já possui diversos projetos e ações educativas. Dentre elas, podemos citar as visitas, que são sempre com educadores e historiadores que conseguem fazer essa relação museu-sociedade e trazer uma compreensão melhor de tudo que Marabá já foi e está se tornando.
Outro projeto de destaque é o “Entardecer no Museu”, que conta com apresentações de músicas e poesia com busca trazer a comunidade tanto para ter esse momento de apreciação da música junto com a Fundação Casa da Cultura, como também atrair alunos das escolas da região. “A gente tem o Arraial do Chico, Cantata, Giro Cultural, que é o que movimenta muito a nossa dinâmica, os pequenos eventos como esses, mas que são de nível nacional, como a Semana Nacional dos Museus, a Primavera dos Museus. Então, tudo isso vai trazer a história do Francisco Coelho acontecendo junto com a comunidade”, explica Wellington.
Além da parte cultural e histórica, o espaço ainda conta com o Café do Seu Chico que é bastante frequentada e conta com salgados, bolos, sanduíches e bebidas como sucos, água, refrigerantes e cafés.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Arquivo Secom