Nova gestão: Grupo de trabalho é formado para agilizar prioridades das Unidades Básicas de Saúde

A Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (SMS) realiza o levantamento das condições estruturais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), encontradas pela nova gestão. O objetivo é mapear quais ações serão executadas para atender às demandas de infraestrutura das UBS.

Além do levantamento sobre a infraestrutura, a SMS providenciou pequenos reparos no conserto de aparelhos de ar condicionado e também em salas das UBS que não estavam funcionando, como de procedimentos e vacinas. No entanto, os pequenos reparos só foram possíveis por causa de um contrato voltado especificamente para esse serviço.

Um grupo de trabalho foi montado com profissionais da Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e de Viação e Obras Públicas (Sevop) a fim de agilizar as prioridades em relação às UBS. Além das unidades Amadeu Vivácqua e Enfermeira Zezinha, a UBS José Pereira de Araújo, no Bairro da Paz, também apresenta situação estrutural preocupante.

Para intervenções maiores, como requalificações e ampliações, será necessário realizar licitação, por demandar tempo, como ressalta a diretora do Departamento de Atenção Básica (DAB) da SMS, Angela Assunção.

“As Unidades Básicas de Saúde têm muito problema estrutural, a exemplo dos telhados. Quase todas as nossas unidades molham muito dentro. Tivemos perdas com relação a equipamentos como computadores. A gente depende de licitação. Isso é fato. A gente só quer pedir que a população tenha essa compreensão, haja vista que não depende de chegarmos lá para comprar qualquer coisa que precise e, sim, dessa parte burocrática, que também é necessária”, afirma.

Segundo Dário Veloso, secretário adjunto de Obras, o grupo de trabalho será importante para avaliar cada UBS, as necessidades das unidades e quais os serviços emergenciais necessários.

“Esse grupo de trabalho está com essa missão de, em no máximo uma semana, apresentar esse projeto, esse plano já autorizado, para que possamos devolver para a nossa comunidade o melhor atendimento possível na área da Saúde. Nossa ideia é fazer serviços definitivos e passar com a nossa equipe de pequenos reparos, tanto da Saúde quanto da Sevop, para que possamos no prazo mais curto possível deixar tudo solucionado”, explica.

Situações das UBS

A UBS Amadeu Vivácqua, no São Félix II, que atende também o bairro São Félix III, Residenciais Magalhães, Paris e Loteamento Francolândia, precisa readequar os espaços e requalificar a estrutura para atender a demanda. A UBS apresenta goteiras na maioria dos espaços, tetos cedidos, mofo e, na maioria das salas, o aparelho de ar condicionado não funciona. Por causa disso, a sala de curativos funciona apenas pela parte da manhã devido ao calor.

A sala dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) está interditada porque o teto está desabando devido às goteiras e mofo. Além disso, as únicas entradas de ar são balancins de um banheiro ao lado. Copa, almoxarifado e sala de triagem também apresentam mofo e o auditório é utilizado como estoque para insumos, pois a unidade não possui espaço adequado para tal. 

O problema das goteiras também danificou o aparelho de ultrassom na sala de atendimento odontológico. A recepção também tem mofo nas paredes e teto, além de goteiras, e a entrada da UBS possui infiltração. Em dias de chuva, a UBS apresenta vários pontos de alagamento.

Segundo Maria Alcântara, que trabalha como auxiliar administrativo na UBS, toda essa realidade do prédio acaba por afetar a saúde dos servidores, refletindo no atendimento à população. De acordo com ela, a UBS tem funcionado graças à força de vontade dos funcionários em prestar o serviço a quem precisa. 

“A gente trabalha porque se preocupa com os usuários, com a população. A gente sabe que é um lugar superlotado, vem pessoas de todos os lugares e a gente quer que tenha um olhar mais humano. Ver a condição não só para os usuários, como também para os servidores”, afirma.

A autônoma Cleiciane Rodrigues mora em frente à UBS Amadeu Vivácqua e recentemente levou a filha para uma consulta na unidade. E está esperançosa com as melhorias que virão.

“Quando eu entrei até que eu fui bem atendida. Só que a gente precisa de melhorias. Ouvi dizer que quando chove tem goteiras lá dentro. Precisa melhorar muito mesmo”, comenta.

Na UBS Enfermeira Zezinha, na Folha 23, Nova Marabá, diversos espaços internos estão com infiltração, goteiras e mofo. Na entrada, as colunas de sustentação estão com rachaduras. Outra preocupação é com uma das caixas d’água, cuja estrutura é de ferro e está com a base enferrujada, apresentando risco de queda.

Durante este período de inverno, as chuvas causaram o aumento da umidade interna e, consequentemente, da presença de mofo. Com as goteiras, a unidade tem pontos de alagamento. Outro risco é que a água desce por meio das instalações elétricas das lâmpadas .Além de serem pequenos, todos os dez consultórios estão com mofo e um deles está interditado por causa disso.

“Fica difícil para os profissionais estarem nas salas porque acaba causando muitos problemas respiratórios, crises de alergia. É um prédio muito úmido”, explica Lohanna Beatriz Chaves, gerente da UBS.

Além da Folha 23, a UBS Enfermeira Zezinha atende também as Folhas 16, 17, 20, 21, 22, 25, 27 e 33. O fluxo de atendimentos é intenso, com alta demanda e requer um espaço adequado. 

Atualmente, a UBS não possui salas de triagem, teste do pezinho e do Cartão SUS, que estão sendo improvisados em outros espaços. “Por exemplo, o auditório hoje funciona como triagem, Cartão SUS, entrega de materiais de curativos para cadeirantes e acamados e agendamento de gestantes. É muito serviço dentro de uma sala que era para ser focada em outra coisa”, reitera Lohanna Beatriz Chaves.

A sala de procedimentos comporta o teste do pezinho, curativos, administração de medicação e o acompanhamento dos pacientes hipertensos e diabéticos. No entanto, a sala estava sem funcionar desde o início de dezembro de 2024 por causa do aparelho de ar condicionado, problema que também afetava a farmácia. Ambos os aparelhos de ar condicionado foram consertados.

Marlúcia Prates é auxiliar de farmácia e trabalha há dois anos na UBS Enfermeira Zezinha. Ela compartilha as expectativas sobre o trabalho da gestão municipal.

“Eu creio que nessa nova gestão dá para a prefeitura olhar um pouquinho mais para a nossa unidade. Para os funcionários aqui da farmácia afeta bastante devido o mofo porque afeta nossa saúde. Que a prefeitura, com essa nova gestão da saúde, venha trazer melhorias para a nossa unidade”, ressalta.

A Unidade Básica de Saúde do bairro Laranjeiras, que realiza em média 200 atendimentos por dia, também apresenta problemas por falta de manutenção correta, precisando de reparos e requalificações, como explica o gerente da UBS Laranjeiras, Izaque Lima Marinho.

“Precisamos ampliar a unidade tanto para melhorar os atendimentos, quanto para os profissionais. Os reparos precisam ser feitos nos telhados, cadeiras, salas, em muitos pontos. Com as chuvas que estão acontecendo, muitas infiltrações molham toda unidade”, afirma.

O gerente ressalta uma preocupação em diminuir as filas de esperas nos consultórios médicos. “Queremos acabar com as filas na madrugada e um estudo já está sendo feito para que o projeto seja realizado e as pessoas marquem suas consultas por meio de um site onde o paciente agendem seus atendimentos acabando com as filas da madrugada”.

Dona Tânia, 60 anos, é atendida na UBS regularmente, gosta do atendimento, mas reitera a necessidade de melhorias.

“Os tratamentos aqui são ótimos, excelentes, tem excelentes médicos, só que precisa diminuir as filas por que a procura é muito grande”

Texto: Ronaldo Palheta e Sarah Maria
Foto: Sara Lopes