Professores fora de série: 25 anos valorizando o conhecimento dos alunos
“Aos 6 anos de idade ganhei um quadro de giz e comecei a brincar de escolinha. Desde criança eu já sabia a profissão que iria exercer, a de professora”. Com esse pensamento, Gleide Borges Hartuique, de 51 anos, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristo Rei, teve sua primeira oportunidade como auxiliar de sala de aula aos 16 anos, mas antes já ensaiava lecionar. De lá para cá, não parou. Obstinada, ela é conhecida pelas multitarefas que exerce na gestão escolar e valorização dos tipos de inteligências múltiplas dos alunos (linguística, lógico-matemática, espacial, existencial, musical, corporal-sinestésica, naturalista, interpessoal e intrapessoal), por meio dos projetos idealizados e desenvolvidos na Cristo Rei, a exemplo de música, capoeira, balé e xadrez.
A história na educação de Gleide começou na adolescência. “Aos 16 anos eu estava em Redenção e uma colega me convidou para ir à escola onde ela trabalhava e lá eu a ajudava auxiliando nas tarefas, comecei a me inspirar nessa colega e já sabia o que queria desde nova, queria ser professora”, lembrou a diretora que já contabiliza mais de 25 anos de trabalhos formais prestados na área da educação.
Para ela, se tratava de inspiração quando via colegas indo para a escola trabalhar ou até mesmo os alunos. Aos 18 anos, foi morar em Breu Branco, e aos 19 anos casou-se. Nesse período, Gleide foi contratada nessa cidade por uma escola particular. “Comecei a trabalhar com o 1º ano do ensino fundamental, isso para mim foi uma conquista muito grande, amava alfabetizar. Daí para frente comecei nessa vida escolar. Me formei em Pedagogia, Sociologia e Filosofia, e tenho também algumas especializações, todas voltadas para o curso de Pedagogia, que é meu forte e eu amo”, confessou a gestora.
Depois de Breu Branco sua parada foi em Marabá, onde começou sua jornada lecionando em escolas particulares, citando Colégio Santa Terezinha entre outras instituições. “Viajava muito pela profissão do meu esposo, nas cidades que eu ia sempre procurava uma escola para trabalhar, sou natural de Carlos Chagas-MG. Mas, não me considero mais mineira, porque vim para o Pará muito cedo, minha cidade do coração é Marabá, porque aqui fixei morada, aqui fiz o concurso e sai do ensino particular para ir para o município trabalhar”, ressaltou ela que em 2013 tomou posse no concurso da Prefeitura de Marabá.
Gleide Hartuique relatou que se sentia instável devido às viagens, e por esse motivou conversou com seu marido para adotar Marabá para se fixar. “Sentimos que precisávamos aqui ficar”, destacou ela. A primeira experiência de Gleide foi em uma escola do município na Folha 33, onde existiam várias crianças de escola de periferia.
“Esse é o meu forte, ver alunos crescendo, dentro daquela problemática e ver crescendo naquele local e tentar ver a prática nisso, frutos. Tive uma coordenadora, a ‘Da luz’, e aprendi muitas coisas com ela. Lá eu amava uma especialidade que tenho, que é a Psicologia Clínica, fazia meu trabalho e também essa parte da educação especial, porque gostava. Também tive experiência na Semed, na área da Educação Especial, porém naquele departamento eu senti que queria mesmo era uma escola para eu crescer, eu precisava de gente, me identifico com gente. Fui ser coordenadora do NEI Henrique Campos, no Bairro Jardim União próximo a Cristo Rei, fiquei 3 anos e meio nessa escola. Logo depois, recebi o convite da própria Semed para direção da Cristo Rei, em abril faz 4 anos que estou na gestão”, rememorou Gleide.
A diretora destacou que para se realizar sonhos precisamos de uma equipe coesa, e ao ir para Cristo Rei, Gleide narrou que o próprio Deus falou com ela, que se tratava de um lugar onde poderia concretizar tudo que havia projetado, pois teria uma equipe que iria apoiá-la, e é por isso que deu certo.“Os projetos de hoje foram os que aspiramos na época da escola particular, o balé por exemplo, eu trouxe de lá, partindo dali consegui ter uma visão das múltiplas inteligências, das possibilidades, principalmente para alunos de periferia, dar esse valor para eles se sentirem importantes e saberem que podem ter um futuro além da realidade do bairro”, salientou ela, se emocionando ao contar que tem muita satisfação ao ver um aluno de periferia tocando saxofone.
A Cristo Rei iniciou com o projeto Ordem Unida, que possui foco principal na disciplina, organização e respeito. “Junto com a equipe e com consentimento da Semed, para nos fortalecer e dar condições para isso, a Guarda Municipal foi nossa parceria nesse projeto. Foi um caminho árduo, não foram flores. Percebemos depois a necessidade de inserir outros projetos como música, inserimos o profissional à aprendizagem. A Cristo Rei conta ainda com balé, xadrez, projeto de música e capoeira”. Projetos estes que devido à pandemia estão suspensos, mas devem retornar no início do ano letivo deste ano.
Ao ser questionada como se define, Gleide contou que é aquela que não desiste nunca. “Nós temos uma frase de efeito aqui na Cristo Rei, que somos feitos de oportunidades e a gente sempre procura, eu na minha vida pessoal, espiritual, sou aquela que não desiste”, afirmou Gleide que está na direção de 43 funcionários e 800 alunos da Cristo Rei, do 2º ao 8º ano.
A bacharel em Administração Débora Correia de Andrade e auxiliar de classe narrou que Gleide foi sua professora no ensino fundamental na Escola Arte Manhas, além do Ensino Regular ela foi professora de balé dela. “Então acabei convivendo durante muito tempo com ela, aprendi muita coisa. Ela sempre demonstrando confiança, criatividade e preocupação na qualidade do trabalho e credibilidade com os alunos. É uma professora sempre preocupada com todo mundo em entregar o melhor, demonstrando segurança e criatividade. Ela quando está tudo tranquilo ela também ficava, mas quando precisava chamar atenção ela também fazia e trazia opções de como melhorar. Ela não ficava só com o puxão de orelha. A grande marca dela é a espontaneidade, a criatividade e o prazer na educação e inclusão. Ela é multitarefas, multifunções, sempre buscando conhecimento e inspirando todos a sua volta”, elogiou Débora Correia.
Gleide completa quase 25 anos de dedicação à Educação, contribuindo sobremaneira com o município de Marabá.
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Texto: Emilly Coelho
Fotos: Aline Nascimento