Meio Ambiente: 3.500 filhotes de tartarugas e tracajás do Projeto Quelônios são soltos no Rio Tocantins
Um domingo de turismo ecológico para muitas pessoas, principalmente crianças, que vivenciaram a soltura dos filhotes de tartarugas e tracajás, neste dia 26 de janeiro, no Rio Tocantins, na Ilha do Tucunaré. A soltura, resultado do manejo de ovos dos quelônios realizado em 2024, celebrou mais um ano de êxito do Projeto Quelônios, que é uma parceria do Núcleo de Estudos em Educação Ambiental (Neam) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) com o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) e financiada pelo Fundo Municipal de Meio Ambiente, com apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá, além da parceria com a Fundação Zoobotânica, Ministério Público e Eletronorte.
A programação contou com um circuito de atividades voltadas à Educação Ambiental como exposições de trabalhos acadêmicos, pintura, jogos, visita à incubadora artificial, aos tanques de quarentena e contação de histórias, por exemplo. Além de entrega de certificados do Programa Jovem Ambientalista e do curso de formação de manejo.
“É um projeto muito importante que a Semma tem apoiado. Tem uma importância muito grande para o desenvolvimento sustentável do município, para a preservação dos quelônios e também para trabalhar a educação ambiental. A gente vai potencializar, de fato, esses projetos importantíssimos como este aqui”, comenta o secretário municipal de Meio Ambiente, Evandro Barros.
O presidente do Comam, Jorge Bichara, observa que as parcerias são fundamentais para o alcance dos objetivos do Projeto Quelônios. “É muito importante esse dia que culmina com a soltura e a devolução à natureza desses pequenos seres que vão repovoar o nosso rio. Isso com o apoio de vasta parcela da sociedade, instituições parceiras, que estão conosco nesse projeto”, pontua.
Na visão do professor José Pedro de Azevedo Martins, coordenador do Projeto Quelônios, a instituição atua principalmente em duas frentes. Uma delas é a educacional, que traz a comunidade para perto e trabalha a preservação ambiental daquilo que faz parte da realidade da região como os quelônios.
“Outro é o trabalho de preservação em si. Estávamos com uma ameaça muito grande do desaparecimento de quelônios nessa região. Foi isso que nos fez junto com o Comam, que nos chamou para assumir esse desafio em 2017. Nós estamos aqui com esse trabalho, já com quase 200 mil filhotes soltos no Rio durante esses anos. A grande importância é para o meio ambiente. A biodiversidade se mantém”, afirma.
A técnica do Projeto Quelônios, Dária Oliveira, conta da alegria que é ver a sociedade fazer parte da soltura. “É o momento que a gente abre espaço para todos virem participar, conhecer o nosso trabalho. Eu me sinto realizada em ver a vida nascer e eu podendo fazer parte disso. Para mim, é muito gratificante, principalmente nesse momento em que elas vão para o rio”, destaca.
Esse ano, a previsão é soltar 25 mil filhotes no Rio Tocantins apenas nos pontos ligados à base na Ilha do Tucunaré. Além da soltura comemorativa, são realizadas as solturas técnicas, sempre levando em consideração onde os ovos foram coletados.
Participação
Lorena Geyer é engenheira agrônoma, soube da programação por meio do Instagram da Prefeitura de Marabá e explica porque resolveu levar a filha Helena para participar da soltura dos quelônios.
“Acho bem bacana esse meio de comunicação com a população. Hoje, recebemos mais informações através das redes sociais, então, eu soube por lá. Envolve a natureza, é um projeto da universidade e eu quis trazer minha filha para já entender, ver a importância da natureza, do cuidado com os animais e ela gosta muito também. Tudo muito interativo para as crianças, com pintura, cama elástica. Achei maravilhoso o espaço e toda a programação. Está todo mundo de parabéns”, avalia.
Quem também levou a filha, Ana Cecília, para participar da programação foi Adriane Damasceno, que é professora da Unifesspa. “É a primeira vez que vim e estou amando. A Ana Cecília é apaixonada por animais. Eu acho esse projeto de extrema importância e ver a comunidade participando, eu estou surpresa. Acho muito bacana mesmo”, ressalta.
O estudante de Direito, Luan Constantino, participou pela primeira vez da soltura após saber da programação pelas redes sociais e ter amigos que já haviam participado.
“É muito bom pra gente poder evidenciar a importância de preservar a nossa fauna regional, no caso, os quelônios, e também como incentivo para as próximas gerações. Vi que tem bastante crianças. É um projeto mais voltado para o público mais infantil, então, é importante para ter essa conscientização futura”, avalia.
Manejo
O manejo inicia em meados de agosto, com as tracajás sendo as primeiras a realizar a postura dos ovos, depois, são as tartarugas. Os ovos são colocados em incubadoras artificiais que simulam os ninhos. Os ovos de tracajá passam 65 dias em incubação, enquanto os ovos de tartaruga passam 45.
Com a eclosão, os filhotes são avaliados para poderem ir para o tanque de quarentena onde passam por avaliação biométrica, recebem uma marcação indolor na carapaça para monitoramento. Após todas essas etapas, ocorre a soltura.
Confira as fotos:
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes