Em 18 de maio é celebrado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e no último domingo foi realizado uma caminhada em alusão a esta data. Profissionais do Ambulatório Especializado em Saúde Mental de Marabá (Ament) em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), incluindo a Ala Psicossocial do HMM, reuniram-se com pacientes e amigos na orla, no encontro dos rios e saíram em caminhada às 08 da manhã, pela Orla Sebastião Miranda até a Praça São Félix de Valois, na Marabá Pioneira onde foram recebidos com um delicioso café da manhã.

Durante a caminhada, alertaram a sociedade sobre a importância do acolhimento, apoio e compreensão que marcam a luta por direitos e a promoção de uma saúde mental mais inclusiva. O cuidado em saúde mental, faz-se em liberdade e com respeito, como disse a enfermeira Rosilene Cavalcante que é responsável pela ala psicossocial e pelo ambulatório especializado em saúde mental do hospital municipal.

“Nossos pacientes precisam de inclusão, não exclusão, por isso a luta antimanicomial que celebramos é um movimento social que defende esse cuidado em saúde mental no território, onde nossos pacientes, precisam ser vistos com um olhar em sua totalidade, com respeito à sua dignidade, e também onde lutamos, combatemos essa logística excludente e violenta dos manicômios. Essa caminhada vai além de um ato simbólico, é um compromisso coletivo, com respeito, com dignidade, com ética e com direito dessas pessoas com transtorno mental e sofrimento psíquico.” afirma.

Durante o encontro, o grupo de carimbó Pérolas da Castanheira deu show com uma apresentação belíssima que animou todos os presentes. Um momento de interação e alegria, que envolveu os pacientes. Cynthya Pombo, psicopedagoga do Ament explica o trabalho realizado com esse pacientes.

“Desenvolvemos atividades terapêuticas e pedagógicas, com essas atividades lúdicas, o paciente traz a ideia de liberdade e entendem o propósito da importância de serem inseridos no meio familiar e social também. Trabalhamos atividades de pintura, recorte, pintura em tecido, dança, atividades educacionais laborais e atividades físicas.”

História

A luta antimanicomial é um movimento social no Brasil que defende os direitos das pessoas com sofrimento mental e busca transformar o modelo de assistência psiquiátrica, promovendo a inclusão e a cidadania. Começou a ganhar força na década de 70 e se opõe à lógica manicomial que perpetuava abusos e maus-tratos a pacientes psiquiátricos. O movimento critica as internações forçadas e a falta de especialização dos profissionais que atendem esses pacientes. 18 de maio é marco importante na luta antimanicomial, com a aprovação da Lei 10.216/2001, conhecida como “Lei Paulo Delgado”, que estabelece a proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais.

Ana Júlia, paciente assistida pela Ament, fala da importância de ser cuidada pelos profissionais e de como é válido o tratamento.

“Os cuidados têm sido muito bons, não só comigo, mas com os outros pacientes. É a segunda vez este ano que eu estou sendo atendida no Ament. O Ament é um lugar que tem muitas atividades, fazemos caminhada, realizamos atividades com pinturas, jogos, tem a área de lazer com piscina e fazemos amigos, a gente convive, conversa. Sou bem assistida, pelos terapeutas, psicólogos, psiquiatras. Lá também tem as cozinheiras, os técnicos de enfermagem, os enfermeiros, então assim, é um cuidado muito bom.”

Outro paciente assistido, é o Emmanuel Queiroz que disse que o corpo e a mente precisam está em total equilíbrio.

“Os atendimentos no Caps e no Ament são muito importante para manter o equilíbrio. Se o corpo e a mente não funcionar, os dois padecem. É um trabalho extremamente importante e espetacular que eles fazem. Acredito que todos os profissionais que estão lá trabalham dão o melhor a cada um que necessita.”

A campanha de 2025, intitulada “A Psicologia na Luta pelo Cuidado em Liberdade: Ontem, Hoje, Sempre”, busca defender os direitos humanos e o cuidado em liberdade. É o que afirma a gerente Katiane Chaves, responsável pelo Caps III Castanheira.

“Com toda certeza é um momento muito importante não só com relação à luta antimanicomial, mas também pra passar para a população a importância do cuidado com a saúde mental em todas as esferas da sociedade, partindo do pressuposto do cuidado da família, na escola, nos meios sociais, nas redes sociais e é claro também nas Unidades de Saúde.”

Texto: Sarah Maria
Fotos: Paulo Sérgio