Saúde: CAPS passará a contar com acolhimento noturno de pacientes
A partir deste sábado (12), o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Marabá funcionará também aos finais de semana. Essa é apenas uma das novidades porque o antigo CAPS II passará para a categoria 3. Após um breve período de adaptação, o CAPS III contará também com atendimento 24 horas por dia para os pacientes em tratamento ou em crise.
A coordenadora do agora CAPS III, Adriana Tábata, satisfeita com as mudanças, comentou que as novidades eram uma necessidade do município. “É uma conquista para nós e todos os usuários. Poderemos assistir e acompanhar os usuários 24 horas por dia, dando continuidade aos atendimentos e cuidados. Temos como acomodar e acolher as pessoas em crise, que antes precisávamos encaminhar para o hospital ou para casa”, destacou.
O novo CAPS está localizado ao lado do antigo, na folha 31, Nova Marabá, e conta com dois quartos, com banheiros, de três camas cada e uma sala de plantão para os funcionários, que possibilitará esse atendimento ininterrupto. Ao todo, um paciente em crise ou que necessita de acolhimento pode permanecer até 7 dias ininterruptos no local ou 10 dias intercalados, no período de um mês. Seguindo recomendação da portaria 3088/2011 do Ministério da Saúde.
Além disso, a estrutura ganhou um espaço cultural externo, banheiro com vestiário para funcionários e um refeitório com telão, possibilitando o uso de recursos audiovisuais. O prédio conta com dois banheiros adaptados, auditório, sala de aplicação de medicamentos, sala multiuso, farmácia, sala administrativa, cozinha, sala de atividades, lavanderia e rouparia. “Espaço que permite um acolhimento contínuo, onde podemos atender 60 pessoas no atendimento diurno, no cuidado intensivo. Além dos atendimento individuais, terapia, atendimento em grupo, atividades com família, atividades de arte-terapia, atividades corporais. São muitos serviços dentro de um serviço”, explicou, ressaltando que atualmente cerca de 200 pessoas passam por dia pelo CAPS.
Jairo Ferreira da Silva, 26 anos, é um dos pacientes atendidos pelo Centro nos últimos sete anos. “O Caps II tinha muita eficácia, mas deixava a desejar em alguns pontos. Agora com atendimento 24 horas, com médico e enfermeiro nos finais de semana, melhora muito. Muitas pessoas que têm aqui precisam de determinadas medicações ou podem ter crises e poderão contar com esse espaço”, comemora.
Jairo foi diagnosticado com transtorno mental aos 11 anos, hoje ele é formado em Comércio Exterior, pós-graduado em logística, e cursa Serviço Social. Ele faz terapia ocupacional e acompanhamento psiquiátrico e psicológico no CAPS. “Acham que aquele que sofre de um transtorno é incapaz de estudar e trabalhar. É possível viver normal com transtorno mental, mas é necessário o acompanhamento psicológico, terapêutico e psiquiátrico por tempo indeterminado”, explica.
Capoterapia
A equipe do CAPS é composta por três psicólogos, dois terapeutas ocupacionais, três enfermeiros, uma assistente social, um psiquiatra, dois médicos especialistas, 2 farmacêuticos, um educador físico, duas artesãs e quatro técnicos em enfermagem. Profissionais que realizam as mais diversas atividades como teatro, dança, pintura, rodas de conversa, aeróbica, decoupage, artesanato e agora também capoterapia. O que rendeu à Marabá a indicação ao prêmio nacional de boas práticas e inclusão em Saúde Mental.
Um dos psicólogos do CAPS, Diego Rodrigues Vieira, que também é capoeirista, explica que as aulas de capoeira, focadas na questão terapêutica, ocorrerão a partir desta quinta-feira (10), no período da tarde. “A gente não traz a capoeira como é normalmente porque envolve elementos e símbolos que podem provocar confusão, dependendo do sintoma. Pegamos os elementos psicomotores de movimento para trazer para o nosso usuário, que está precisando de motricidade. A Capoterapia é pegar a qualidade terapêutica dessa arte marcial brasileira e colocar para os nossos usuários dentro desse sentido de terapia corporal e psicológica”, discorreu.
Dia Internacional da Saúde Mental
Nesta quinta-feira (10), a partir das 8 horas, a equipe do CAPS estará na Praça Duque de Caxias, Marabá Pioneira, realizando diversas atividades terapêuticas como oficinas de dança, de teatro e arte-terapia. Além disso, a ação contará com exposição de pinturas, que são produzidas no CAPS, bazar e distribuição de mudas. “Levaremos essas atividades para comunidade acompanhar e participar. Teremos distribuição de mudas para arborizar a cidade, pois cuidar do meio ambiente também é cuidar do ser humano. Os usuários, que estão em acolhimento, irão participar da atividade com a gente”, comenta Allan Ranieri, enfermeiro do Centro.
A ação é comemorada por pacientes que observam a medida uma forma de acabar com o preconceito e desinformação sobre o tema. “Ato importante para conscientização. A sociedade vê a questão mental como algo espiritual ou algo que restringe o conhecimento das pessoas. Líderes religiosos, às vezes, dizem que você não pode tomar um remédio controlado. Todos devem ver a questão com um olhar mais humanizado e com mais consciência”, complementa Jairo.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio dos Santos