Saúde: No Dia do Obstetra, conheça Amanda Camarano, profissional que atua no HMI
12 de abril é o dia do profissional que oferece assistência à maternidade e possibilita partos saudáveis que asseguram a saúde de mães e bebês
Desde 2021, a médica obstétrica Amanda Camarano faz parte da equipe de obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI). Nascida em Tucuruí, veio para Marabá aos seis anos de idade. Quando começou a pensar qual profissão escolheria para a vida, tinha uma certeza: gostava de crianças e biologia. Diante disso, o caminho para a medicina se tornou o mais propício.
Depois que entrou na faculdade, na cidade de Araguaína, no estado do Tocantins, teve contato com as diversas especialidades. Pensou que por gostar de crianças seguiria para a pediatria, mas conversando com a mãe percebeu que foram os estágios em Obstetrícia que conquistaram sua atenção.
Depois de formada, fez residência em Ginecologia e Obstetrícia, em São Luís, no Maranhão. Exerce a Obstetrícia desde 2018.
Essa área da medicina é responsável pelo cuidado com a gestante e o bebê desde o descobrimento da gravidez. Esse cuidado tem como ápice o parto, mas segue no pós-parto, orientando no período do resguardo, no incentivo à amamentação e tudo o que acontece nesse primeiro momento. Neste dia 12 de abril é celebrado o Dia do Obstetra.
“A obstetrícia é mágica. O fato de você cuidar de duas pessoas e ter uma família inteira por trás daquele processo, aumenta muito a responsabilidade, mas também torna tudo mais bonito. Cuidar de dois pacientes de uma vez só, três às vezes, quatro, faz com a gente sinta que está fazendo parte daquela família. A gente se sente com um superpoder em relação a fazer essa transição do bebê que está dentro da barriga para o mundo aqui fora”, afirma a médica.
Depois de concluir a residência, percebeu que era hora de voltar a Marabá e servir sua cidade do coração. Quando chegou, estava grávida e reservou o primeiro ano para ficar com a filha. Já trabalhava na rede privada e decidiu que queria também ter a experiência de trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS).
No HMI, uma parte da equipe de obstetrícia divide-se no atendimento de porta ou admissão em que as gestantes são recebidas quando iniciam o trabalho de parto ou para fazer acompanhamento referente a alguma complicação que surgir, podendo ficar em observação ou internadas; a outra parte da equipe atua no centro cirúrgico.
No período da manhã, os obstetras de plantão realizam visitas nos blocos em que é observada a evolução das pacientes, realizadas prescrições e encaminhadas as altas hospitalares.
“Aqui nós temos entre 400 e 600 partos por mês. Então, sempre os plantões são bem corridos, mas a nossa função é avaliar as mães que chegam para ver se estão ou não em trabalho de parto. A partir do momento que elas são internadas, a gente vai cuidar e conduzir esse parto para que seja feito da melhor forma possível”, comenta.
Nesses seis anos em que atua como obstetra, Amanda afirma que a última vez que fez as contas, já havia realizado mais de 1500 partos. Para ela, sua profissão é uma missão fundamental, guiada por Deus.
“Sentimos que a mão de Deus está junto conosco para fazer com que esse processo ocorra. Sabemos que quem pare é a mãe, mas entendemos que ela precisa de uma assistência nesse momento. A gente se coloca nesse local de assistir a mãe, ajudar e conduzir o processo. A mão de Deus está ali nos dando essa oportunidade de participar do processo mágico que é o nascimento”, conta.
A gravidez também ajudou a obstetra a ter uma nova perspectiva sobre a própria profissão e se colocar no lugar das gestantes que atende. Ela relembra como foram os dias da gravidez.
“Meu pré-natal foi super tranquilo, foi muito bem assistido, mas eu achei o parto um pouquinho conturbado, eu não sabia como era estar do lado de lá e me trouxe um pouquinho de apreensão de estar fora do meu controle aquele processo, mas ser mãe é maravilhoso. Eu acho que isso mudou muito a forma com que eu via o parto, o pré-natal, a gestação, como acalentar as mãezinhas nos momentos ruins que passamos quando a gente é mãe, de uma criança que está doente, de alguma coisa que acontece. Por ser mães, a gente também sabe se portar melhor em frente a uma mãe”, ressalta a médica.
Entre os muitos partos que realizou, alguns ficaram na memória por terem sido verdadeiros milagres. Ela rememora uma paciente que foi internada com prolapso de cordão, que é quando o cordão umbilical sai antes do bebê. O caso é considerado uma urgência obstétrica porque pode interromper o fluxo sanguíneo do cordão por onde o bebê respira. O bebê passou dez minutos com o fluxo interrompido.
“Eu ficava tentando fazer a manobra que a gente faz para suspender a cabecinha do bebê para voltar ao fluxo, mas eu sentia pouca pulsação no cordão. Eu olhava para a pediatra e falava assim tipo ‘não vai ter jeito’ e na hora que tirou o bebê a pediatra prontamente entrou em ação e o reanimou. Ele passou um dia na UCI e no outro dia já estava de alta, pleníssimo. Então, assim, aquilo foi com certeza um milagre”, relembra.
Para ela, um dos grandes avanços na área da obstetrícia foi a humanização dos partos. Proporcionar, nessa hora importante, afetos, apoio e suporte emocional são extremamente necessários para as mães. É colocar a mulher no papel que já era dela, de conduzir seu próprio parto. “Então, esse papel da humanização é essencial, é uma coisa sem discussão, precisa ser feito e precisa cada vez ter mais profissionais que pensem na humanização, que entendem o papel deles, que é de ajudar, de assistência. A estrela principal é a mãe e o bebê que estão nascendo e renascendo”, declara.
Atualmente, além de atuar na profissão, Amanda Camarano também é professora dos cursos de Medicina do Campus Marabá da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e da Faculdade de Ciências Médicas do Pará (Facimpa). Ela conta que é uma incentivadora para que seus alunos sigam pelas áreas da Ginecologia e Obstetrícia.
“Eu sou uma estimuladora de fazerem Ginecologia e Obstetrícia. Então, os meus alunos chegam para mim e perguntam assim ‘o que que a senhora acha? Eu devo fazer?’ Digo que sim porque a Obstetrícia a gente não escolhe, ela nos escolhe. Então, eu sou super estimuladora de quem quer fazer Obstetrícia. Eu chamo para o meu consultório, eu convido para estar junto na cirurgia para eles poderem entender qual é o nosso mundo”, comenta.
Para os colegas obstetras, ela também deixa uma mensagem:
“Continuem entendendo que a mulher tem o papel principal, que a humanização é necessária, que as frustrações acontecem, mas que não podem nos parar e que entendam que somos um instrumento de Deus no processo do nascimento. Não tem nada que seja mais divino do que isso”, conclui.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom