Saúde: Prefeitura vai garantir cestas básicas a pessoas em tratamento de hanseníase
Foi assinado nesta quarta-feira (03), no auditório da Prefeitura de Marabá, a lei que estabelece a distribuição de cesta básica para pessoas com hanseníase em tratamento pelo sistema municipal de saúde. A cerimônia contou com a participação do Prefeito Tião Miranda, secretário de saúde Luciano Lopes Dias, vereadores, representantes da Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), e da delegação da Fundação Nippon, parceira do município, no combate à doença.
Cada cesta mensal terá o valor de R$150,00 e será garantida enquanto durar o tratamento da doença. O prefeito de Marabá, Tião Miranda, ressalta que a atitude busca alinhar os esforços municipais no tratamento da doença ao acompanhamento social dela. “Marabá é um município grande. Com uma zona rural grande. Serve como incentivo para que a população mais pobre não largue o tratamento”, conta.
Atualmente Marabá possui hoje 172 pacientes em tratamento. O município conseguiu atingir um índice de 90% de cura da doença nos casos tratados. A parceria da cidade com a Fundação Nippon, através do Ministério da Saúde, funciona desde 2016, injetando recursos financeiros para análise dos dados sobre hanseníase, capacitação de profissionais e monitoramento e orientação sobre a doença.
O presidente da Fundação Nippon, Yohei Sasakawa, destacou que está muito satisfeito com a pró atividade que o município de Marabá tem mostrado. “São mais de 40 anos que trabalho com isso e é a primeira vez que vejo esse tipo de iniciativa. Essa atitude proativa do município nos motivou a fazer essa visita”. Ao todo, a fundação investiu US$ 700.000 no Brasil, no Estado do Pará os municípios contemplados são Belém e Marabá.
O secretário Municipal de Saúde, Luciano Lopes Dias, explica que hoje há 21 equipes de estratégia da saúde em um trabalho continuo. “O município agrega valor a esse trabalho com essa lei, que foi sancionada hoje, para que essas pessoas portadoras de hanseníase possam continuar o tratamento até o fim”, comenta.
Ana Lucia Ferreira, diretora do Departamento de Epidemiologia da Sespa, explica que a doença é contagiosa e ocorre principalmente em zonas mais pobres. “População mais pobre é mais vulnerável porque tem sistema imunológico mais comprometido e vive em ambientes que facilitam isso. O projeto é muito importante porque apoia essa população a iniciar e manter o tratamento”, pontua.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Marabá, Pedro Correa, a lei foi votada em menos de 15 dias pelo poder legislativo. “O prefeito pediu agilidade e sabemos da necessidade e urgência desse projeto. A maioria dos pacientes é de baixa renda e precisa realmente de uma ação efetiva do governo municipal para que a doença possa ser erradicada”, sublinha.
“O projeto deve ser uma semente para os demais municípios do Estado”, essa é a expectativa do coordenador de Hanseníase da SESPA Bruno Pinheiro. De acordo com ele, a parceria com a Fundação Nippon é importante por incentivar e provocar atitudes como essas nos governos. “Seja com incentivo financeiro, alimentar ou com passe livre para transporte é uma medida muito eficaz para avançarmos no controle da doença. A estratégia [de Marabá] tem que ser provocada e copiada por outros municípios”, conclui.
A delegação japonesa, a comissão do Ministério da Saúde junto com o representante do Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) foram recepcionadas ao ritmo de carimbó pelo grupo Yaguara.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Hilton Rodrigues