O Centro Integrado da Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar), fundado em 2018, é uma instituição de longa permanência para maiores de 60 anos que consta no Sistema Único da Assistência Social (Suas).

O espaço surgiu a partir de diálogos que debateram o bem-estar das pessoas idosas no município. Idosos em situação de rua e vítimas de violência doméstica familiar estão entre o público atendido. O Cipiar possui 23 idosos acolhidos atualmente.

“Hoje em Marabá, nós temos um protocolo e um fluxo para atendimento da pessoa idosa. O Cipiar não é uma instituição para acolhimento de portas abertas. Temos esse protocolo, construído com toda a rede, que atende essa demanda da pessoa idosa: CRAS, Creas, Conselho da Pessoa Idosa, SMS, Ministério Público”, explica Adriana Ferreira, coordenadora do Cipiar.

Segundo a assistente social Ariana Lima, que atua no Cipiar, o centro é um serviço de alta complexidade do Suas como acolhimento institucional para esse público específico de idosos.

“Para uma cidade como Marabá, o Cipiar é de extrema importância para acolher esses idosos que não possuem referência familiar, que estão em situação de rua, que sofreram violência, que sofreram maus tratos, que foram abandonados.

Uma peculiaridade é que uma parte considerável dos acolhidos hoje no Cipiar são provenientes da região nordeste do país e vieram para a região de Marabá na época do garimpo de Serra Pelada. Diante disso, parte dos idosos presentes no centro é composta por homens, que ficaram por muitos anos na região, perderam vínculos familiares anteriores e não constituíram família, ficando em situação de abandono.

Infraestrutura e atividades

O Cipiar conta com 58 servidores distribuídos entre cuidadores, agentes de serviços gerais, cozinheiras, agentes de portaria, motorista, pedagogo, assistente social, técnicos de enfermagem, enfermeira, psicóloga, educador físico, assistentes administrativos e coordenação.

O centro possui sala de vídeo, espaço pedagógico, academia, enfermaria, refeitório, dormitórios e setor administrativo.

Os idosos realizam seis refeições diárias e contam com programações internas e externas pensadas pela equipe para os tirarem da rotina.

“Nós temos um plano anual de ação e tentamos inseri-los na comunidade e estimulá-los a estar tanto na comunidade, como em festividades também internas, para que eles tenham o direito ao lazer, à cultura, ao que está preconizado no Estatuto do Idoso”, comenta a coordenadora.

Os idosos têm passeios para chácaras, pizzarias, hamburguerias, restaurantes e cafeterias, por exemplo.

Ao longo do ano, o centro conta com programações voltadas para campanhas como o Junho Violeta, de combate à violência contra a pessoa idosa, e temáticas como a Festa Junina, o Boteco do Cipiar, realizado para celebrar o dia da pessoa idosa, e a Ceia de Natal.

“É uma festa tradicional, que a gente tenta resgatar familiares, aquele momento de solidariedade, trazendo algumas pessoas, alguns personagens da comunidade para estarem junto”, reitera Adriana Ferreira.

Notícias Cipiar

Um atividade que teve início ano passado foi a edição do jornal Notícias Cipiar, a cada 15 dias, que traz informações sobre os eventos que aconteceram internamente no centro e também noticias de destaque externamente. O jornal está na 10ª edição.

A proposta foi idealizada pelas estagiárias de psicologia Gabriely Rosa e Juliana Portela e hoje tem à frente a psicóloga Ivana Lacerda e a assistente social Ariana Lima.

O objetivo é promover a comunicação, lazer e integração entre os idosos, servidores e a comunidade.

Entre as notícias externas estão, por exemplo, acontecimentos relacionados a personalidades que também estão na terceira idade, como as quedas do Papa Francisco, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do cantor Agnaldo Rayol, que faleceu em decorrênciada de uma queda. É um momento em que a equipe reforça orientações e o cuidado com os acolhidos.

Entre outros fatos que foram abordados no jornal estão a posse do prefeito de Marabá, da secretária de Assistência Social e as queimadas na região, por exemplo.

As páginas do jornal são impressas em tamanho grande e as manchetes são lidas a fim de apresentar as informações aos acolhidos. O jornal fica exposto durante os 15 dias para eles poderem manusear.

“Eles são os protagonistas desse jornal. Começamos a fazer a partir de agosto e foi uma coisa que deu certo. Isso fez a diferença para eles. Eles gostam de se ver. Às vezes, a gente pega eles se procurando no jornal. Eles sabem que estão aqui, que são valorizados. Isso dá um sentimento de participação, que a vida continua. Eu vejo o Cipiar como uma grande família”, destaca a psicóloga Ivana Lacerda.

O Cipiar fica localizado entre a Avenida Minas Gerais e a Rua Itacaiúnas, bairro Belo Horizonte.

Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes