Seaspac: No Dia do Artesão, conheça três mulheres que trabalham com artesanato e vendem seu produto no Coreto Pôr do Sol
Hoje, 19 de março, Dia do Artesão, as artesãs que participam do Coreto Pôr do Sol contam um pouco sobre o dom de criar biojoias e acessórios diversos
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Brasil possui 8,5 milhões de artesãos. A atividade movimenta cerca de R$ 100 bilhões de reais por ano, algo em torno de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste 19 de março é celebrado o Dia do Artesão em homenagem a São José, padroeiro dos artífices. Nossa reportagem conversou com três artesãs que fazem parte do Coreto Pôr do Sol, na Praça Duque de Caxias, na Marabá Pioneira.
Antonieta Siqueira tem 58 anos e o artesanato entrou em sua vida durante a infância, no Piauí, quando percebeu que tinha o dom para criar acessórios a partir do que a natureza dava. Vinda de uma família numerosa, se aperfeiçoou unindo a necessidade de uma renda com a habilidade nata.
A artesã chegou em Marabá há 36 anos e seguiu com a produção de biojoias e bijuterias.
“Meu artesanato é mais rústico e regional, mexo com a castanha, reciclagem de papel, com serragem. Fui criando, vendo a aceitação. Eu gosto muito da reciclagem. Então, eu faço muita biojoia com sabugo de milho, vagens, sementes, coisas da natureza que eu pego e agrego fazendo as bijuterias”, afirma.
Para ela, o artesanato significa muito porque é o responsável pela renda familiar, além de ser uma terapia. Atualmente, Antonieta tem um ponto de venda no Partage Shopping e faz parte da Feira do Pôr do Sol e do Coreto Pôr do Sol, iniciativas da Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), voltadas para a divulgação do trabalho de artesãos em Marabá.
“Eu vejo que o artesanato abre muito espaço, ajuda você psicologicamente, é uma terapia. E ajuda financeiramente. Às vezes, a gente acha que não tem o dom de fazer certas coisas, mas a gente vai se despertando, vai unindo o útil ao agradável e termina saindo coisas brilhantes”, ressalta.
A Feira do Pôr do Sol ocorre aos domingos na Praça São Félix de Valois, já o Coreto Pôr do Sol funciona de segunda a sexta-feira das 8h das 12h e das 14h às 18h, com trabalhos de 20 artesãos. Aos sábados, o Coreto funciona apenas pela manhã.
O encontro de Semily Belém com o artesanato aconteceu há pouco mais de um ano, mas remonta à uma paixão antiga: papelaria. Canetas, cadernos e outros itens fizeram a artesã se interessar por produzir os próprios cadernos. Começou pela encadernação tradicional, com arames, mas logo conheceu a encadernação manual, que é costurada.
Semily chegou em Marabá há três anos vinda de Belém. Atualmente, trabalha com gestão de equipes e a encadernação é uma ocupação que traz muitos benefícios para sua vida.
“É um hobby que me traz um retorno financeiro adequado, que eu consigo manter e investir mais ainda. Para mim, é uma terapia porque eu sento e produzo os cadernos, tanto que os meus cadernos são únicos, porque é o momento em que eu me conecto e vou me perder nos meus pensamentos e atividades. Vou me conectar com o que eu quero fazer. Aí, isso vai produzindo criatividade e acaba que eu consigo externar isso na encadernação”, comenta a artesã.
Atualmente, ela também faz parte das iniciativas da Seaspac, que conheceu por meio das redes sociais. Para ela, é uma oportunidade em que os artesãos podem divulgar seu trabalho e conseguir uma renda, ajudando também no aperfeiçoamento das atividades desempenhadas por eles ao sempre buscarem aprimorar seus produtos.
“Eu penso, realmente, em melhorar cada vez mais, aplicar outras técnicas e aliar à encadernação. Mas o meu objetivo, realmente, é trabalhar só com a encadernação porque eu acho importante ter um local para registrar as memórias, registrar fatos importantes que tu queres deixar guardado. Então, quero buscar sempre esse sentido”, reitera.
Sônia Macêdo tem 63 anos, é de São Paulo e mora há mais de 20 anos em Marabá. Sua especialidade: produzir bonecos de tecido. A inspiração veio da infância, quando via a mãe, que era do Ceará, realizando costuras e fiando algodão para fazer roupas, além de usar sementes para o tingimento
“Eu amava vê-la costurar. Depois que eu casei e tive meus filhos, eu queria aprender a costurar. Foi a partir da costura, eu fazia, por exemplo, vestido de festa e colocava uma flor, uma bolsinha que eu inventava, que eu via nas revistas de moda. Era tudo inspiração. Aí, foi indo para o lado do artesanato”, relembra.
Quando chegou em Marabá, Sônia começou a trabalhar com costura. Depois, passou para o artesanato, fazendo bonecas de pano, aliando arte criativa à reciclagem, onde atua há mais de 20 anos. Ela já criou bonecos de temática regional como do peixe Tucunaré, dançarinos de carimbó e indígenas.
“O artesanato, para mim, é sempre uma alegria. Me tirou de uma depressão porque perdi uma mãe e uma irmã querida muito recente, antes da pandemia e durante. Eu só queria estar na frente da televisão. Entrava duas da tarde no sofá e saía duas da manhã e eu não queria fazer mais nada, nem entrar no ateliê, estava bagunçado e Deus me permitiu fazer uma reforma. Hoje, está do jeito que eu gosto, lindo, rosinha, branco, lilás, azul. Está sendo uma benção e, com essa oportunidade aqui do Coreto, pela Seaspac e a Prefeitura, eu consigo expor as minhas peças. É maravilhoso fazer artesanato”, conta.
Neste Dia do Artesão, Sônia Macêdo deixa uma mensagem para todas as pessoas que trabalham com artesanato em Marabá.
“Para os meus amigos artesãos e também para as mulheres que querem aprender, que estão em casa, depressivas, sem fazer nada, vamos fazer um fuxico, vem aqui no Coreto, a gente dá aula. Eu convido as mulheres e homens que gostam de artesanato para virem para cá. Eu desejo para todos os artesãos de Marabá que Deus abençoe o trabalho de suas mãos, seu sustento. Muitos só trabalham com artesanato. É um hobby, mas é um hobby lucrativo”, conclui.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom