Assistência Social: Idosa acolhida no Cipiar reencontra o filho após 50 anos
A idosa Valdeci volta para a Bahia com o filho, nesta quinta-feira (10). O encontro foi possível após repercussão de uma reportagem divulgada no site da Prefeitura e em veículos de comunicação.
A história que teve um desfecho feliz é de dona Valdeci Maria dos Santos, de 70 anos, acolhida no Centro Integrado da Pessoa Idosa (Cipiar) por 2 anos e 5 meses. Essa semana a idosa teve uma das maiores felicidades de sua vida, voltou a abraçar o filho Jasson Ernesto Sousa, após 50 anos sem vê-lo. Aos 17 anos, ela saiu da Bahia com o companheiro, para trabalhar em uma fazenda no Pará e aqui viveu por 50 anos sem manter contato com a família. O maior sonho de dona Valdeci era reencontrar o filho, o qual havia deixado com os pais quando o menino tinha apenas 3 anos de idade.
Jasson, atualmente com 53 anos, chegou a Marabá no início da semana, após uma viagem de 2.500 quilômetros, saindo do município de Santa Cruz da Vitória, na Bahia. Ele teve o apoio da prefeitura local. O sentimento descrito pelo vaqueiro é uma mistura de felicidade com ansiedade em conhecer e levar a mãe de volta pra casa.
“Eu nem tava conseguindo dormir querendo conhecer minha mãe. Eu chorei de emoção, eu disse: onde minha mãe estiver eu vou lá buscar. Já descobri que tá viva, onde ela estiver, pode ser no fim do mundo eu vou lá buscar”, descreve Jasson emocionado.
Jasson conta que durante todos esses anos sempre pensou nesse reencontro e compreende os motivos que levaram a mãe a sair da Bahia. Agora ele só pensa em cuidar de Valdeci e curtir ao máximo a companhia materna.
“Meu pai abandonou ela. Ela não tinha condições de ficar com o filho pequeno, tinha de trabalhar. Eu quero cuidar da minha para o resto da minha vida, enquanto Deus me der vida e vida a ela. ‘Ave Maria’, tô feliz, enfatiza o baiano.
O paradeiro de Valdeci foi descoberto depois que a equipe técnica do Cipiar decidiu contar a história dela e outros idosos da Casa de acolhimento. A reportagem feita pela Prefeitura de Marabá, com repercussão em outros veículos de comunicação, em agosto desse ano, foi compartilhada também nas redes sociais, inclusive de entidades sociais das cidades vizinhas de Palmira, na Bahia, onde Valdeci morou. E logo veio a resposta. Foi um mês de conversas, troca de mensagens, vídeo-chamada, até o dia do reencontro, informa Onete Feliz, coordenadora do Cipiar.
“De imediato ele entrou em contato conosco e ficamos conversando. Com isso, foi descoberto que ela tinha irmãs vivas, e foram conversando com elas. Mas o melhor disso tudo é a aceitação, porque isso é muito difícil, há aquela quebra de vínculo, mas a história de Valdeci foi diferente. Vai deixar saudades, mas estou feliz por saber que a gente fez alguém feliz”, ressaltou Onete.
Nadjalucia Oliveira, secretária municipal de Assistência Social, lembra que a idosa era acompanhada pela Seaspac, desde 2004, depois de denúncias de negligência com a idosa que enfrentava problemas de saúde. Valdeci foi abonada pelo companheiro quando lutava contra um câncer no colo do útero. Ela morava sozinha no núcleo São Félix.
“Quando ela se viu sozinha buscou ajuda para ser acolhida. E sempre com esse desejo de encontrar o filho que ela tinha deixado com 3 anos de idade. Finalmente esse dia chegou. É uma vitória muito grande. Estão todos com o final muito feliz e a gente percebeu que ele tem muito carinho por ela. Isso nos impulsiona dentro da política de assistência. Desejo boa sorte à dona Valdeci, pros familiares, o patrão do filho, toda a rede de assistência, parabéns a todos”, ressalta a secretária.
Valdeci volta pra Bahia, nesta quinta-feira (10), onde vai morar com o filho e a nora. E ainda deve conhecer os seis netos e os seis bisnetos. Além de reencontrar outros familiares. Lá, ela também deve ter assistência da Prefeitura. Jasson veio acompanhado de motorista e da diretora do Centro de Convivência de Santa Cruz, Joselma Oliveira Silva Teixeira.
“O vice-prefeito pediu que a gente acompanhasse ele até aqui. Agora ela vai pra casa do filho, nos prontificamos a dar esse apoio. Fizemos esse acompanhamento em levá-la e chegando lá, o patrão dele e ele vão tomar conta. Estou levando toda a documentação dela, acompanhamento médico e vamos fazer tudo pra dar certo” esclarece a diretora.
Valdeci precisará passar por cirurgia na bexiga, mas agora ela divide com o filho os cuidados com a saúde. De Marabá ela afirma que só levará saudades e agradecimento.
“Eu quase morro, fiquei muito alegre, muita emoção. Eu não tive a oportunidade de ver ele pequeno, mas Deus permitiu que visse ele grande. Eu do lado dele, ele do meu lado, vamos viver pro resto da vida. Vou ficar com saudade de todo mundo. Peguei amizade com todo mundo. Todo mundo aqui me trata bem”, afirma Valdeci com olhar sereno e sorriso tímido.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento