Dia do Trabalhador Rural: Projetos da Seagri alavancam produção da agricultura familiar
Há mais de 20 anos Rosário de Maria Chaves é produtora rural e feirante no município. A história dela começou no lixão do KM 8, quando foi convidada a participar de uma feira de agricultura familiar. Entre muitas idas e vindas, adquiriu uma terrinha, mas ficou doente e acabou deixando de trabalhar.
“De lá pra cá eu vendi a terrinha que tinha e estava trabalhando, quando soube da abertura desta feira na Avenida Paraíso, mais próxima de onde moro. Adoeci novamente porque tenho diabetes, colesterol, alergia, mas deixei meu nome aqui. Eles me esperaram e depois de dois meses da abertura da feira eu comecei a trabalhar”, conta.
Ela é apenas uma de centenas de trabalhadores rurais associações locais, que atuam diariamente em parceria com a Secretaria de Agricultura do Município (Seagri), levando comida produzida aqui e de qualidade para a mesa dos marabaenses, através das feiras espalhadas nos diferentes núcleos da cidade.
Rosário de Maria está entre os 15 feirantes e produtores rurais fixos que trabalham diariamente na feira da Avenida Paraíso, no bairro Liberdade. “Estou aqui todo dia, de segunda a domingo. Eu sou produtora e feirante, passo meio período aqui, depois vou para minha horta. Lá eu planto alface, pimenta de cheiro e trago aqui para vender para os consumidores e outros vendedores”, conta.
A Associação da Feira Livre da Avenida Paraíso tem 100 feirantes cadastrados, sendo que o restante atua apenas aos finais de semana. “Na sexta, nós fechamos as ruas para trabalhar durante o fim de semana. Nem todos vem sempre, às vezes vem 50, às vezes vêm 60. Mas durante a semana, atuamos nas calçadas com os fixos”, explica Maria Célia, presidente da Associação e idealizadora da feira, afirmando que antes trabalhava vendendo produtos de porta em porta.
“Surgiu a ideia de trazer a feira para cá. Eu sozinha com uma banca não teria como. Então criei a associação e chamamos os moradores. Para todos nós ficou muito melhor de trabalhar. Agradecer pelo apoio que temos recebido da Seagri, do prefeito e do deputado Dirceu Ten Caten”, comenta.
Maria Célia revela que já há projeto para levar a feira da Avenida Paraíso para dentro da Faculdade Carajás. “Fizemos uma vez e a experiência foi muito boa, acredito que depois de agosto possamos fazer uma vez por semana”, conta.
Como funciona?
Para que toda essa logística aconteça e os produtos produzidos pelos trabalhadores rurais do município sejam escoados, o Departamento de Abastecimento (Deabas) da Seagri, coordenado por Marcos de Jesus Miranda, entra em ação.
“Somos o final da cadeia produtiva. O Departamento é voltado para facilitar que essa produção chegue à mesa do consumidor. Coordenamos a feira, somos responsáveis por essa logística. Além das barracas e tendas que disponibilizamos, apoiamos no translado dos produtos de alguns Projetos de Assentamentos”, explica.
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Porto Seguro está entre os que recebem ajuda no translado dos alimentos para serem comercializados nas feiras da Folha 28 e do Novo Horizonte. Os PA’s próximos à Vila Sororó também são ajudados na sexta-feira, retornando às propriedades rurais no domingo.
Essa ajuda do traslado também é dada nas feiras pontuais, como citada por Maria Célia na Faculdade Carajás, ou outras que ocorreram recentemente nos residenciais Tocantins e Ipiranga. “Fazemos o transporte de mercadorias e barracas nas feiras aqui dentro da cidade. Essa da Avenida Paraíso deve retornar a acontecer na faculdade com o retorno das aulas, por exemplo. Mas novos pontos estão sempre surgindo”, ressalta.
Além do escoamento, a prefeitura contribui em outras partes da cadeia produtiva, como o início do plantio, preparo da área, correção do solo e atuação das sementes, bem como com os projetos de irrigação, pastejo rotacionado, apicultura, avicultura, mecanização agrícola, produção leiteira, entre outros.
Feiras
Você pode encontrar as feiras do produtor na Folha 28, Folha 11 e Km 7 (Nova Marabá), Rua Sororó (Novo Horizonte), 7 de junho (Marabá Pioneira), Avenida Paraíso (Liberdade), Feira da Laranjeiras (Bairro Laranjeiras), Residencial Jardim do Éden e Residencial Tiradentes (Morada Nova). Além de outras feiras pontuais que acontecem regularmente.
Na maior delas, na Folha 28, são 270 feirantes, sendo 180 cadastrados na feira livre e 90 nos boxes internos. “Todos aqui são da zona rural e da agricultura familiar. É a agricultura familiar que abastece Marabá e região. Tudo fresco, mais barato, sem atravessador, direto do produtor para o consumidor”, reitera Marinho Silva, presidente da associação dos feirantes da Nova Marabá.
Ele conta ainda que por fim de semana passam até 15 mil pessoas somente na Folha 28. No domingo a feira começa às 4h da manhã e vai até as 14h. Uma delas é Ilan Ramalho, 44 anos. “Sempre que dá eu venho e compro as coisas que gosto, acho que tá bom e espero que melhore com os novos boxes que estão sendo construídos. Tem muita opção. Hoje comprei a farinha que não pode faltar, banana e peixe fresco e são as coisas que mais compro”, relata.
No mesmo dia, do outro lado da cidade, o borracheiro Juscelino Ribeiro também estava realizando suas compras, na Avenida Paraiso. “Moro aqui há 10 anos e adorei quando montaram a feira. Venho direto. Tem cheiro verde, ovo, um bocado de coisa boa, frutas, panelada, melancia. Abro minha borracharia ali e fico passando aqui”, conta.
Marcos de Jesus Miranda convida os produtores que necessitarem de ajuda para escoar a produção a procurarem o Deabas na sede da Seagri. “Nosso departamento está aberto aos produtores, tem pessoas que estão querendo escoar a produção, que nos procure que a gente vai viabilizar. Trabalhamos com escalas durante o fim de semana. A demanda é muito grande, mas o produtor que precisar tem que nos procurar que buscamos uma forma e criamos projetos para que eles tenham a mesma oportunidade que alguns estão tendo”, ressalta.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio/ Sérgio Barros (Áreas da Feira da 28)
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