Saúde: Estudantes de biomedicina alertam sobre riscos da automedicação
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), no Brasil 20 mil pessoas morrem por ano vítimas da automedicação. Além disso, pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia aponta que 77% dos brasileiros fazem uso de remédios sem orientação médica. Nesse sentido, estudantes de biomedicina da turma de 2020 da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Marabá, produziram materiais informativos sobre o assunto.
“A ideia de fato veio deles, do que eles viam em casa, nas suas comunidades e a partir daí começamos a desenvolver esse projeto, que agora culminou com eles fazendo cards para publicações no Instagram, usar as mídias sociais, como um todo, para que a gente possa levar esse conteúdo adiante. Ficou um material muito bom e principalmente a nossa grande intenção é essa, explicar à população sobre isso, que muita gente acha que o fato de que ‘ah eu estou com dor de cabeça’ e toma remédio para dor de cabeça. Às vezes é uma coisa muito simples, mas e quando não é uma coisa tão simples?”, pontua a professora do curso de biomedicina da UEPA, Maíra Turiel.
A professora cita como exemplo casos relacionados à pandemia, quando pacientes que tiveram Covid-19 tomaram ivermectiva sem orientação médica e desenvolveram problemas nos rins e fígado, por exemplo. Esses casos acabaram por sobrecarregar o sistema de saúde que já estava lidando com os efeitos da pandemia.
Como os remédios anti-inflamatórios não precisam de prescrição médica, esses medicamentos acabam por ter um acesso facilitado. A questão é que pacientes que já fazem uso de remédios para diabetes, hipertensão e anticoncepcionais, por exemplo, podem ter efeitos de interação medicamentosa.
“Mas a principal alteração que a gente percebe, por exemplo, o uso de anti-inflamatório diminui a caracterização e uso efetivo do hipertensivo. Ou seja, a pessoa pode ter uma oscilação de pressão. Nos casos mais severos pode acontecer, por exemplo, de você evoluir para uma coisa muito mais específica, principalmente quando as pessoas, às vezes, usam anticoncepcionais, por exemplo, e aí usa de maneira indiscriminada, ou seja, não vai ao médico para passar uma medicação que é específica, de acordo com seus parâmetros”, explica a professora.
Entre outros efeitos que o uso indiscriminado de remédios pode causar estão a palpitação cardíaca, arritmia, parada cardíaca, evolução de doenças, reações alérgicas, intoxicação, resistência aos medicamentos e morte.
Uma das preocupações dos integrantes do projeto também é explicar porque as pessoas sentem dor de cabeça e demais sintomas fisiológicos. A estudante Patrícia Lima faz parte do projeto e ressalta a importância para sua formação profissional.
“Isso faz com que tenhamos mais interação com a comunidade para sermos profissionais que estão mais juntos da necessidade da comunidade, da população. Estamos planejando ir diretamente nas escolas informar para os estudantes, o que vai agregar para a população é o conhecimento que adquirimos aqui na faculdade para isso não ficar no centro acadêmico”, observa.
Entre os materiais produzidos estão cards informativos para as redes sociais e pequenos vídeos em formato de reels para o instagram com orientações sobre o uso adequado de remédio. Segundo a equipe, o ideal é que os pacientes sempre busquem orientação médica e leiam a bula dos remédios.
Outro objetivo da iniciativa é promover palestras sobre o assunto em Unidades Básicas de Saúde e escolas, a fim de conscientizar sobre os perigos da automedicação. Para isso, a UEPA conta com parceria firmada junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
“A SMS se dispõe em contribuir com o aprendizado prático para os acadêmicos, disponibilizando espaços para estágios, atividades práticas e pesquisas acadêmicas. O que facilita a esse estudante conhecer a realidade local, vindo a contribuir com propostas e uma futura atuação profissional que traga mais benefícios para a rede de saúde pública do município”, pontua Gisleide de Sousa da coordenação de convênios da secretaria.
Ainda de acordo com a coordenação, a secretaria disponibilizará espaços nas Unidades Básicas de Saúde do município para a realização das palestras por compreender a importância de conscientizar os usuários do Sistema Único de Saúde sobre os perigos da automedicação, evitando assim problemas mais sérios.
Confira os posts informativos resultado da pesquisa aqui:
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio